Parece um
presente dos Deuses – a comunidade Vila Brandão, localizada na encosta da
Vitória, foi procurada pelos seus vizinhos poderosos para receber benfeitorias maravilhosas:
Um campinho
de futebol digno, uma escada que desce até o mar, um dia das crianças com
presentes, churrasco, bingo e festa para todos!
Tudo
beleza, questão de responsabilidade social, um projeto de integração entre os
bairros nobres e a ultima comunidade no meio… o tem algo atrás dessa benfeitoria, que não seja visível no
primeiro momento?
O Iate
Clube tomou a frente. Se mostrou generoso, dessa vez, vindo com presentes e
palavras doces. Veio para negociar uma “benfeitoria” á comunidade, afirmando no
mesmo momento de ser o dono legítimo de toda essa zona verde na encosta da
Vitoria, localizada ao redor, no baixo da Vila Brandão, na frente ao mar.
Se trata de
uma zona verde de aprox. 4500 m2, onde tem um campinho de bambu, que sempre foi
na posse da comunidade – o único lugar de lazer para as pessoas morando em
casas pequenos, em becos estreitos, sem ventilação. É uma área onde os jovens
da comunidade troquem os primeiros beijos e os meninos vão para “esfriar a
cabeça…”, é lá onde vive uma multidão de pássaros, onde as plantas sagradas do
Candomblé tem espaço para se multiplicarem.
E, sobre
tudo, se trata de um pequena praia (grande parte da costa já foi invadida e
privatizada pelo Iate Clube nos últimos 10 – 15 anos). Essa praia é a última
praia publica da Vitória, oferecendo uma piscina natural para mergulho, um
aquário cheio de peixes de todas as cores, espécies protegidas, corais…
O Iate Clube gostaria ter um quebra-mar para criar mais vagas molhadas para os barcos deles. É a praia
dos pescadores da Vila Brandão, é o lugar de lazer das famílias nos domingos, é
o mar – um lugar para todos que gostam de um pouco de paz.
O Iate
Clube estava com muita pressa para começar as obras de benfeitoria. A
ASCOMVIBRA, associação de moradores criada recentemente, não aceitou nenhuma
opinião contraria á construção do campinho.
E assim, o
Iate Clube começou com as obras no inicio do mês de março, colocando tubos
grossos do largo da Vitória até a comunidade, para descer o material de
construção. Os tubos passaram na escada, dificultando ainda mais a descida íngreme,
numa escadaria quebrada, irregular e estreita. Chegou muito material; vieram engenheiros,
trabalhadores, limparam o campinho, mediram… aprontaram o trabalho.
Rápido, no
primeiro dia, eles fecharam com uma cerca alta de maderite uma obra que já foi
embargada há anos, uma área de cimento que era de uso da comunidade, na beira
do mar. Agora, o acesso esta
fechado pelos moradores.
No campinho
de bambu, já tinha uma vez uma praçinha com brinquedos, oferecida por um
prefeito á comunidade. Já tinha uma escada para descer lá, construído pela
comunidade com o apoio dos vizinhos da casa Amarela.
Isso tudo
foi destruído pelos homens do Iate Clube, há um 7 anos, que chegaram armados
para tirar o brinquedo e jogar ele no mar.
E agora?
Eles mudaram de idéia? Começaram de gostar da comunidade?
O presente
oferecido é um cavalo de Troia: lindo, bonito, brilhante… com a bomba para
estourar apenas aceito.
O Iate
Clube ofereceu um contrato de comodato para o uso do campinho, de 1000 m2 a –––
Paróquia da Vitoria! Uma esquadra de esporte multifuncional, moderna, de
concreto… no lugar do campinho de bambu, de posse da comunidade. O padre será o
responsável do projeto.
E a
associação ASCOMVIBRA, que se diz representante da comunidade, não assinou nada
– dizem eles – mas pretendem que vão receber tudo! Acreditam que o campinho
será da comunidade, em uso temporário. Um contrato de 25 anos (com clausulas
que ninguém conhece) entre a Paróquia e o Iate Clube. Detalhe interessante: a
chave do campinho fica na mão do padre. Depois desse prazo, acabou o acesso da
comunidade ao campinho.
A
ASCOMVIBRA aceita a tomada de posse da praia e de toda a zona verde, uma aérea
de 4.000 m2 pelo Iate Clube em “contrapartida” da quadra poliesportiva. O Clube
pretende construir estaleiros de 3 andares nessa ultima zona verde publica da
Vitoria. E fechar tudo com um muro para impedir o acesso dos moradores. E o
acesso ao mar, a praia no futuro… fica nas nuvens!
Toda a ação
é completamente intransparente – a tal ponto que, a semana retrasada, foi
chamada a Ouvidoria Publica do Estado da Bahia para investigar em pro da
comunidade.
Eles vieram
no local – e decidiram de convidar todas as partes interessadas numa audiência
publica – dia 27.03.2015.
Foram
convidados o Iate Clube, a Paróquia da Vitória, o prédio Wildenberg, a
ASCOMVIBRA e todos os moradores e vizinhos interessados. Foi convidado também
um representante da Prefeitura, o coordenador do programa Ouvindo Nosso Bairro,
que já se comprometeu de realizar as melhorias necessárias para a comunidade.
O prédio
Wildenberg, também, no processo do alvará de construção, foi obrigado de
oferecer uma contrapartida social a comunidade.
A penas
chegou o convite da Ouvidoria, o Iate Clube parou as obras. Retirou os tubos,
tirou o material de construção do campinho, desfez todas as traças. Os
trabalhadores sumiram de novo no território cercado do Clube.
Algumas
pessoas da comunidade ficaram revoltadas com os moradores que apresentaram
argumentos contra o projeto do campinho e defenderam outros caminhos, um clima
de agressão se criou!
Acabou o
sonho do grande presente?
O cavalo de
Tróia ainda esta esperando o momento dele…
Informações
detalhadas:
Responsável pela edição: Silvia Jura – Célia Mara
Tel: +71-9390-6947
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